Estou
preparando uma palestra para apresentar num congresso de adolescentes
da minha região. A preocupação dos organizadores é com o impacto da
série “Crepúsculo” (livros e filmes) entre adolescentes e jovens
cristãos. Já que estou no Unasp por esses dias, resolvi fazer pesquisa
entre estudantes e filhos dos meus colegas mestrandos. A Raquel Kauffman
Fugêncio, de 19 anos, me forneceu informações especialmente relevantes,
já que ela leu e analisou os quatro volumes da série vampiresca:
Crepúsculo,
Lua Nova,
Eclipse e
Amanhecer.
“O que mais me chamou a atenção é que nesses romances o vilão, em
certos momentos, é o mocinho e vice-versa”, diz Raquel. “Com exceção de
Crepúsculo,
nas outras histórias não há um vilão que queira ficar com Bella Swan [a
personagem principal], mas sim matá-la; a luta real para conquistar
Bella é entre Jacob Black e Edward Cullen [o outro personagem principal,
o vampiro].”
Aos 18 anos, Raquel leu a saga inteira apenas por
curiosidade, quando a obra ainda não era tão conhecida. “A princípio, me
senti bem com a leitura; era como se Edward fosse um herói que iria me
‘resgatar’. Com as descrições de Bella, eu o imaginava perfeito. Apenas
em algumas partes do livro eu achava meio estranho ele se autodenominar
vilão.”
De fato, o vampiro deixa no ar: “E se eu não for um super-herói ? E se eu for o vilão?”
Raquel
começou a pensar que Edward estaria escondendo alguma coisa por trás da
“carinha bonita”. Então passou a prestar mais atenção a algumas
citações que estão escondidas nos livros e que geralmente nem são
notadas. Exemplos:
“Eu sou um bom mentiroso, Bella. Eu tenho que ser”, Edward Cullen,
Lua Nova, capítulo 23, p. 509. (João 8:44 fala do “bom mentiroso”.)
“Estou quebrando todas as regras, mas vou para inferno mesmo!”, Edward Cullen,
Crepúsculo. “Que herói, hein! Satanás está cada vez pior usando ‘heróis’ para levar desesperança à juventude”, analisa Raquel.
“Você cheira exatamente a mesma de sempre. Então talvez isso seja o inferno. Eu não me importo. Vou levá-la”, Edward Cullen,
Lua Nova, capítulo 20, p. 452.
“Eu
concluí que, já que vou para o inferno, posso muito bem fazer o serviço
completo. [...] Mas é possível que eu não a devolva – disse ele com um
brilho perverso nos olhos”, Edward Cullen em conversa com Bella.
Em
outra parte do livro, Edward diz ser uma pessoa desalmada, que faz mal a
Bella e que deve se distanciar. Mas Bella retruca dizendo que não mais
consegue viver sem ele. “É só pensarmos um pouco: Quem não tem ‘alma’?
Quem não tem mais esperança? E quem quer nos roubar do verdadeiro
Amigo?”, questiona Raquel.
A meu pedido, Raquel fez com meninas
de 11 a 15 anos rápida pesquisa sobre a série "Crepúsculo". Algumas
declarações: “Edward é perfeito” (12 anos); “Tenho que confessar que
passo maquiagem mais clara para ficar com um ar de pálida” (15anos); “O
sucesso é tipo Harry Poter, a única diferença é que Harry Poter é ficção
e Crepúsculo é mais real” (13anos). Essas meninas são cristãs...
São
dados preocupantes e Raquel questiona: “Será que estamos perdendo a
noção do real e do fictício? ‘Crepúsculo’ é tão irreal quanto ‘Harry
Poter’; não há uma escala que defina o que é mais ou menos real.”
“Devemos tomar cuidado”, adverte a jovem. “Satanás está cada vez mais
entrando em nossa mente. Não podemos deixar que isso aconteça. Temos
tanta literatura religiosa boa...”
Edward mesmo pergunta: “Se
você pudesse viver para sempre, para o que você viveria?” Para a
salvação eterna ou perdição eterna? Para o crepúsculo ou a aurora?
Você decide. E essa decisão passa pelos conteúdos que você tem lido e assistido
aqui e
agora.[MB]